sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

11 de Janeiro.

Não choro pelas palavras. Choro de saudade (...).
Quando alguém morre ou desaparece, a palavra escrita é o único alento.
¹

As palavras tendem a tornar-se escassas. Desta vez não consegui dizer muita coisa, chorar muita coisa, pensar muita coisa, só gritei: Calma! A vida é longa pra uns poucos e curta para nós. Será que os anos contam mesmo a vida? Será que esse relógio ingrato de apenas 24 horas diáris quantifica nossa existência?
Sei que não mais te verei e sei que a única coisa que me lembro é a maneira como eu olhava pra cima e via teu sorriso ao longe. Todo mundo deixa alguém todo o tempo. Uns guardam as lembranças de uma vida quando era possível acariciar teus cabelos negros. Outrs guardam uns poucos anos e se obrigam a se comportar como adultos para dizer adeus e os piopres são aqueles que nem puderam te sentir como deveriam e se agarram no primeiro semelhante teu que lhes aparece.
Ao final não resta muito a não ser não pensar muito e pedir desculpas por não ser, não estar e por não ter arrancado de ti as palavras que nunca quis pronunciar. Ao final a dor é para quem fica, pois, ao final, ainda restou teu sorriso no travesseiro.

¹ Milton Hatoum in Órfãos do Eldorado.