domingo, 22 de junho de 2008

Quando o inverno chegar

Para Marina, minha prima.
“Mrs. Dalloway always giving parties to cover the silence.”¹

São esses silêncios que nos acordam desesperadamente em um domingo desses e nos fazem relembrar, reescrever. Sempre gostei dos silêncios como forma de auto-análise e como remédio temporal. Contudo, o silêncio que guardo hoje é pela tua não-presença. Nestes silêncios consigo ouvir tua risada alta e ver as mesmas cores de quando nos escondíamos no armário tempos atrás. E das coisas que deixei lá dentro uma delas é você, guardada em uma caixa de porcelana inquebravel. Descobri nesta trajetória que os diamantes não são as únicas relíquias duradouras desta vida. As lembranças também são eternas na fugacidade da existência e mesmo que eu dê muitas festas nestes trezentos e sessenta cinco dias que contemplam um ano, você será sempre convidada nem que seja para dançar aquela valsa lenta e muda que posso te dedicar. As rosas amarelas guardam teu cheiro e aos domingos elas perfumam mais. Tenho medo destes dias que iniciam uma nova semana, tenho medo do que eles possam fazer comigo. Todavia, era quando mais brincávamos e nos escondíamos. Hoje isso tudo mudou; nossas vidas mudaram e para alguém como eu que não possui diamantes, só me restam estas lembranças da chegada do inverno. Portanto, aqui estou eu te dedicando o mais singelo da minha alma: minhas saudades.

¹Richard, personagem de Ed Harris no filme “The Hours”.

Um comentário:

Hudson Pereira disse...

Que bonito Vanessa!
Fica meio difícil fazer um comentário que consiga acrescentar algo à esse texto. Ele é simples e determinado,assim como a saudade.
E é pra ser lido em silêncio,só ouvindo a nossa própria respiração.
Um beijão!