domingo, 9 de agosto de 2009

H(isteria)1 N(eurótica)1.

Sempre tive a impressão que os desabafos são pleonásticos e esse texto também o é, a começar pelo título. Este é um texto sem parágrafos, sem divisões, assim como o presente. Isso é um desabafo. Sim, eu disse que isso é um desabafo em alto e bom tom. Que ruflem os tambores, que toquem as cornetas, pois isso é um desabafo. Eu queria conhecer as mais belas palavras do Houaiss. Queria o mesmo deus inspirador de Chico, a depressão de Clarice, o vício do Noll, a voz afinada da Jones... Ah, eu queria tanta coisa. Estou ficando cada vez pior, fato. Enlouqueço e emudeço a cada crepúsculo. Sem porquês, sequer esperanças, só os tons alaranjados que clamam pelo descer da Lua. Desde a escola aprendi que a Lua é o satélite natural da Terra. Na verdade, ela é o satélite que inspira seres pálidos e noturnos. Esta mesma palidez traz os silêncios desprovidos de sol que tão profundos como só a noite sabe se portar. Tenho saudades de sentir solidão e medo de admitir isso. Quero fugir da minha casa porque tenho medo do monstro que vive em meu armário; não quero libertá-lo, tenho medo de ser feliz. Sssh, quero falar muito, muito baixo. Não quero que ninguém escute minha vida, nem tampouco eu quero berrá-la por aí. As sinonímias são sempre imperfeitas e as onomatopéias para o silêncio também. Os nós são feitos com fitas de seda e reforçados por minha fraqueza, tornando-se, assim, difíceis de desatar. Não faça isso, não faça aquilo; diga isso a ela, seja verdadeiro por mais que doa. Sempre quis duas coisas na vida: ser livre e que me escutassem. Paradoxo. As palavras prendem e libertam ao mesmo tempo. Posso falar, me sentir livre e te prender ou posso falar, me prender e te libertar. Não, definitivamente eu não quero uma casa no campo com flores e silêncio da aus~encia de barulho. Quero o silêncio do amor e respeito. Quero flores nas praças e pontos de ônibus dos centros das metrópoles. Estou a anos luz de ser a mulher biônica, eu só quero teu amor cru e nu. Amarro mais um laço em mais uma fita de seda. Não quero magoar ninguém, só exercitar o ser-me... Quero que sejas pra mim também. Acredita quando eu digo que é difícil ser eu? Acredita quando eu digo que é difícil ser eu uma vez que não quero te magoar? Acredita quando eu digo que é difícil ser eu uma vez que não quero te magoar porque você me faz sorrir? Acredita quando eu digo que é difícil ser eu uma vez que não quero te magoar porque você me faz sorrir e eu quero te ver sempre sorrindo? Isso tudo cansa, mas eu me acostumo. Comprei vitamina C e estou tentando fortalecer meu sistema imunológico mental. Até parei de ver telejornais, estou tentando abstrair a permanência do Sarney no Senado e observo de longe como todos parecem açougueiros mascarados por culpa da influenza A. Eita vida besta, meu Deus! Nada melhor que esta frase do Rosa para explicar. Explicar o quê? Darwin explicou algo, Newton mais algum algo. Penso, logo existo? "Penso", ok. "Existo", tenho dúvidas. Resisto até quando doer. Resisto até quando der.