domingo, 27 de abril de 2008

(Des)Continuidade

Ah se soubesses...
Que o teu cheiro jaz ainda sob minha pele
E que continuo a contemplar as estrelas
Que, naquela noite, nos iluminavam.
Teus lábios continuam por beijar os meus,
Meu corpo ainda se arrepia por tuas carícias.
Já diria o poeta:
"Falais baixo se falais de amor."
E é entre meus sussuros noturnos
Que declaro-te todo meu amor.
Não há por quê gritar à gente os versos,
Escritos com gotas de lágrimas e sangue,
Que te fiz e dedico-te secretamente.
Amo-te todas as noites à distância
E continuo a esperar a luz dos olhos teus.

Inspiração

E é por isso que te escrevo.
Porque te quero aqui neste folha tão impessoal,
Escrevo incansavelmente nesta luta já perdida
De tentar lapidar tuas formas nas palavras,
Sentir teu cheiro através das minhas rimas,
Ver nos adjetivos teus olhos,
Sentir na textura fria do papel a tua pele.
Tento amar-te até mesmo no improvável
E transcender o impossível em tua presença deveras ausente.

sábado, 26 de abril de 2008

Poliana

Poliana era uma menina polida.
Todos gostavam de Poliana.
Ela tinha o perfume das flores
E o olhar doce como de um pássaro.
Poliana era um sonho.
Todos queriam uma filha como ela.
Poliana era flor, um passarinho
E uma liberdade que todos invejavam.
Uma dia Poliana alçoou vôo.
Bateu asas, só a alma vôou.
Uma rosa no asfalto.
E todos acordaram do sonho.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Carta à um amor bandido.

E pensar que tinha tanta coisa para te dizer e não falei quase nada. Espero que meus olhos tenham suprido este papel repentino e quase obrigatório de lábios. Sabe quando tudo é tão intenso que acaba suprimindo as palavras? Então, é por isso. Pela rapidez, pela intensidade, pelo susto, pela reciprocidade, pelo seu olhar.
Me peguei pensando várias vezes nas palavras que poderia pronunciar, mas o êxtase e o medo que ele proporciona sempre acabam por calar-me. Te quis em tantos momentos e queria que ficasse tantas vezes. Contudo, nunca o pedi explicitamente. A magia sempre me impedia de raciocinar direito. Não que seja menos encantador agora, mas o relógio desta metrópole nos apressa, lembrando que mundo existe e nos cobra tanta coisa. Somos cobrados por coisas que até mesmo estão fora de nossos reais interesses; o que dizer então dessa vontade de ficarmos juntos?
Parece que nem eu, nem terceiros respeitamos isso. Fico dividida entre aquilo que quero e aquilo que devo. Te quero, mas não devo. Ou será que nos queremos, mas os senhores do universo parecem não nos escolherem? Enfim, só sei que te quero. Te quero pela minha ansiedade, pela magia, pelo tempo ingrato, pelos silêncios, pelos olhares e abraços, pelos cafés, pelos beijos que não foram permitidos beijar, pelas palavras, pelas entrelinhas. Queria muito que você ouvisse tudo isso de mim, mas, seja por problemas de fala, liberdade ou horário, seus olhos não me vêem neste momento. Entretanto eu precisava, de alguma forma, te "dizer" que eu te amo.
Eu te amo e tantas vezes flagrei seu olhar e segurei o meu com medo que eles nos delatassem. Não tivemos um momento nosso como queria, desejava e esperava. Mas agora não há mais espaços e nem convêm fazer análises de porquês... O tempo não pára. E é por isso que decidi não adiar estas palavras para um amanhã que não me pertence. Só tenho o agora e sua não-presença. Não digo ausência, visto que ela é oca, vazia, e eu te tenho aqui dentro... Então não pode ser ausência.
Isso tudo me faz sentir com quinze anos novamente. Sim, quinze anos. Época de sentimentos coloridos das mais variadas matizes e quer saber? Não vai desbotar nunca. Não faço a mínima ideia do que vai acontecer conosco, mas tenho certeza que está valendo a pena e muito. Escutar tudo que você me disse, ver seu sorriso, sentir teu cheiro... É, valeu totalmente a pena! E as cores que isso tem, meu amor, são eternas. O momento é passageiro, mas as lembranças não. Elas são traiçoeiras, sempre voltam.
Tomara que o amanhã te traga para mim. Contudo, isso já é uma outra situação. A única coisa que sei é que hoje, até o momento em que eu deixar esta carta em um lugar onde você possa encontrar e ficar com uma raiva danada de não ter te dito isso pessoalmente, eu estarei te amando.

"Come away with me in the night.
Come away with me and I'll write you a song.
Come away with me on the bus.
Come away where they can't tempt us with their lies.
And I wanna walk with you on a cloudy day in fields where the yellow grass grows knee-high.
So won't you try to come?"

quinta-feira, 24 de abril de 2008

First Session.

Após tantas lutas de esgrima comigo mesma. Após tantos sentimentos dúbios sobre um eminente começo... Aqui estou eu rendida aos encantos e exposta à todos vocês. Não sabia o que fazer. Não queria, mas queria. Dúvida. Vontade ou não-preparação? A quais tentações devo ceder? Se o faço, não sei. Se não o faço também não sei. O que fazer então? Ceder às tentações, à todas elas, foi a melhor alternativa. E aqui estou eu.
Obrigada àqueles que me incentivaram e acreditam em mim. Isso é por vocês e para vocês.