“I was going to kill my heroine.”¹
Quando Rosa olhou para o lado não o encontrou. Doía não tê-lo por perto e ela precisava encontrar imediatamente uma forma de neutralizar toda aquela dor. Já sei, pensou ela, vou à costureira, pois tenho uma festa muito importante no sábado e quero ficar muito elegante. E assim ficou decidido.
A costureira de Rosa morava em Copacabana, mas ela precisava escolher os tecidos em uma loja lá na Avenida Rio Branco. Rosa detestava aglomerações cansativas, mas era por uma boa causa, convencia-se ela. Arrumou-se, colocou um salto agulha e batom vermelho. Sim, queria chamar a atenção dos outros. E Rosa era mulher bonita, sabe. Tinha um corpo bem torneado e dourado. Pois é, vamos nos ater aos aspectos físicos uma vez que falar dos interiores é assunto Freudiano.
Rosa também era uma mulher viajada. Claro que ela sempre se encantou muito mais com as arquiteturas gêmeas dos shopping centers que com o Louvre, por exemplo. Mas isto não vem ao caso porque se existe algo que não foge a regra e a nenhum ser humano é a dor. E era isso que Rosa sentia: dor. Dor esta, abafada pelo barulho e pelos tons fortes de seus sapatos e batom.
Então, perfumou-se, fez um coque no cabelo, entrou no carro e saiu. No caminho o único pensamento que Rosa tinha era sobre o inferno que seria encontrar um lugar longe dos flanelinhas para estacionar o carro. O destino parecia a estar ajudando, encontrou um lugar rapidamente e partiu para sua odisséia da cor e textura perfeitas. E encontrou. A felicidade era tanta que qualquer um poderia confundi-la com uma criança e seu doce. Talvez fugir desse aquela sensação de felicidade instantânea, um certo alívio. A cor do tecido? Indescritível.
Entrou no carro e ligou o rádio. Só a rádio não colaborou com ela, pois tocou todas as músicas cujas letras não queria lembrar e não podia mais dançar.
O que será ser sua sem você
Como será ser nua em noite de luar
Ser aluada, louca
Até você voltar
Pra quê
O que será ser só
Quando outro dia amanhecer
Será recomeçar
Será ser livre sem querer
Quem vai secar meu pranto
Eu gosto tanto de você²
Todavia, rádios são problemas fáceis de ser resolvidos. Cala a boca, ela disse apertando o botão power. Para a sorte de Rosa, Copacabana estava próximo e com isso a alegria pela confecção do vestido seria logo alcançada. Mal sabia Rosa que as pétalas das rosas são as primeiras a cair.
¹Virginia Woolf, personagem de Nicole Kidman no filme “The Hours”
²Abandono (Composição: Chico Buarque e Edu Lobo)
Quando Rosa olhou para o lado não o encontrou. Doía não tê-lo por perto e ela precisava encontrar imediatamente uma forma de neutralizar toda aquela dor. Já sei, pensou ela, vou à costureira, pois tenho uma festa muito importante no sábado e quero ficar muito elegante. E assim ficou decidido.
A costureira de Rosa morava em Copacabana, mas ela precisava escolher os tecidos em uma loja lá na Avenida Rio Branco. Rosa detestava aglomerações cansativas, mas era por uma boa causa, convencia-se ela. Arrumou-se, colocou um salto agulha e batom vermelho. Sim, queria chamar a atenção dos outros. E Rosa era mulher bonita, sabe. Tinha um corpo bem torneado e dourado. Pois é, vamos nos ater aos aspectos físicos uma vez que falar dos interiores é assunto Freudiano.
Rosa também era uma mulher viajada. Claro que ela sempre se encantou muito mais com as arquiteturas gêmeas dos shopping centers que com o Louvre, por exemplo. Mas isto não vem ao caso porque se existe algo que não foge a regra e a nenhum ser humano é a dor. E era isso que Rosa sentia: dor. Dor esta, abafada pelo barulho e pelos tons fortes de seus sapatos e batom.
Então, perfumou-se, fez um coque no cabelo, entrou no carro e saiu. No caminho o único pensamento que Rosa tinha era sobre o inferno que seria encontrar um lugar longe dos flanelinhas para estacionar o carro. O destino parecia a estar ajudando, encontrou um lugar rapidamente e partiu para sua odisséia da cor e textura perfeitas. E encontrou. A felicidade era tanta que qualquer um poderia confundi-la com uma criança e seu doce. Talvez fugir desse aquela sensação de felicidade instantânea, um certo alívio. A cor do tecido? Indescritível.
Entrou no carro e ligou o rádio. Só a rádio não colaborou com ela, pois tocou todas as músicas cujas letras não queria lembrar e não podia mais dançar.
O que será ser sua sem você
Como será ser nua em noite de luar
Ser aluada, louca
Até você voltar
Pra quê
O que será ser só
Quando outro dia amanhecer
Será recomeçar
Será ser livre sem querer
Quem vai secar meu pranto
Eu gosto tanto de você²
Todavia, rádios são problemas fáceis de ser resolvidos. Cala a boca, ela disse apertando o botão power. Para a sorte de Rosa, Copacabana estava próximo e com isso a alegria pela confecção do vestido seria logo alcançada. Mal sabia Rosa que as pétalas das rosas são as primeiras a cair.
¹Virginia Woolf, personagem de Nicole Kidman no filme “The Hours”
²Abandono (Composição: Chico Buarque e Edu Lobo)
2 comentários:
Parece que falta algo. Ou talvez não. Talvez o que complete seja a incompletude.
Dispenso comentários porque ainda sou muito Freudiano...
Mas "já sei que as flores de plástico não vivem"
Postar um comentário