domingo, 25 de abril de 2010

Entre o querer e o estar, o ser.

Este deveria ser nosso dia... Um dia só nosso e especial. Eu não sei o que anda acontecendo: O sol tem estado tão quente e a vida tão fria. É, não deveria ser assim, não poderia ser assim. Como pôde, como podemos? Como podemos nos tornar uma tarde chuvosa de verão que inunda e estraga tudo? Prefiro o outono de belas folhas, dias de calor e brisa ao entardecer, assim seríamos tudo – tudo que precisamos para estar. Não soubemos ser eu e você, não soubemos ser nós. O vento que antecede a tempestade traz poeira e não limpeza. As lágrimas que escorrem necessitam esforço, geram suor . A proporção do suor é grande demais para que as lágrimas consigam lavar a sujeira que ele gerou. Há um tempo na vida em que julgamos que o amor é tudo; não o amor não é tudo. O amor é um rio cujas águas precisamos aprender a navegar. Eu amo você, mas desconfio de nós.
Tornei-me mais ríspida ainda e cobro mais que nunca. Ando muito cansada, não consigo me entregar, não escrevo e ouço músicas de despedida. Sei que tenho que caminhar com minhas próprias pernas e essa paraplegia que se instaurou não encontra cura. Existe alguma forma de ser eu e não te machucar? As paredes do quarto têm vida própria e se encolhem. Eu me aperto claustrofobicamente pra caber neste cubículo e não atrapalhar teu espaço, mas eu me expando. Expando-me em lágrimas que te sufocam. Eu não sei ser outra e não sei se você ainda me quer assim. Sinto falta do teu corpo me dando vida. Sinto falta da vida quando estávamos juntos, quando éramos nós. Então eu durmo – o sono é meu instinto de proteção. Nunca quero acordar pois nos sonhos eu tenho asas coloridas e todos apontam para mim dizendo: Olha que pássaro lindo!
Engordei nesses anos e você vive dizendo que deveria me cuidar mais, que sou linda. As palavras entram e saem da minha cabeça sem rumo. Você não poderia me escrever um poema? Está prestes a fazer um ano que coloquei esta aliança no dedo e hoje, não sei porquê, tiro-a pois cismei que ficará preta a qualquer momento. Olho para a aliança e sei que o ouro é algo que se pode derreter. Derreto-me febril em um banho frio e não sei onde você está; quando acordei já não estava mais na cama. Casa comigo de verdade e não me deixa ir embora.
Essa vida é esquisita mesmo. Sinto-me no País das Maravilhas e toda vez que olho para o lado o coelho repete que está tarde. É, está tarde... Muito tarde. Fiquei aqui envolta nas palavras que saltitavam em minha cabeça e submersa em sentimentos. Aqui sou rainha de todos os meus reinos. Daí você chega, me dá um beijo na testa, sorri e diz “boa noite”. Eu não respondo, não consigo (naquele momento as palavras só existem no reino da fantasia), mas ensaio um sorriso e isso te deixa satisfeito. Observo-te indo embora e sussurro que te amo e isso é mais do que posso fazer.

2 comentários:

Unknown disse...

é...

assunto delicado, não? rs

Acho que o nosso erro enquanto humanos é viver coisas dinâmicas como se fossem estáticas. Encarar a vida através de regras sólidas. Esperar que o outro e nós somos seres em constante mutação e respeitar isso é parte fundamental do respeito pelo outro e o respeito por nós mesmos.

Desejo pelo passado deveria ser banido da vida de qualquer um. Pois só leva a sofrimento.

Somos todos hoje quem não eramos ontem ou anteontem. Quem continua sendo a mesma pessoa, com as mesmas convicções, expectativas e opiniões, sem constatar que são válidos, está morto, fisicamente ou não.

Esperar a felicidade na morte não é algo bom. É comodismo!

Esses momentos de ressurreição são gloriosos e necessários para o bem da humanidade.

Ja vejo pessoas mortas de mais perambulando por ai.

Então, LEVANTA DESTE LEITO E VÁ VIVER, PORRA!!!

Kamilla Medeiros disse...

Não diria um passaro lindo, e sim uma bela borboleta. Frágil e forte ao mesmo tempo.