Onde nascem as borboletas... Este é o lugar onde pretendo me firmar. Como crisálida que procura desesperadamente uma folha onde se fixar. Metamorfose. Metamorfosear-me. Construir-me e desconstruir. Ser imago. Alimentar-me das flores que brotam em meus jardins. E, mesmo não havendo mais nada, colher os frutos abandonados no solo ainda úmido e transformar-lhes em parte minha, parte da vida porque é isso que são na verdade: Flores e Frutos e Metamorfose e Vida.
domingo, 7 de agosto de 2011
Da alma
Meu corpo não aguenta mais tanta dor.
domingo, 3 de julho de 2011
domingo, 15 de maio de 2011
Cicatriz
As marcas no rosto têm um quê de eterno mais eterno que marcas de outras partes do corpo. Ele nunca gostou que o fitassem – Desconfiado ou desacostumado, não importa. Eu o desejava em cada parte do seu corpo; desejava-o em cada mão estendida que se converte em toque; desejava-o nos lábios que se transformam em deslizar vagaroso. Quando se ama alguém quer-se absorver uma gota qualquer de suor, de gozo, de intensidade. Tocar-se como que pelas mãos dele. Usar todos aqueles possessivos almejados pelos amantes: meu, tua, nosso. Absorver até mesmo a falta de palavras e tipos de palavras.
Ele gostava mesmo era daquela camisola verde, daquele cheiro de sabonete de lavanda, daquele meu olhar perdido. Fitava-o para conhecer a história daquele rosto – não a história que se conta, mas a história que se sente. Quando se ama quer-se estar sob a pele, preencher as lacunas formadas pelo tempo e guardá-las para quando estiver longe, ainda tê-las nítidas e brilhantes. Ver aquele rosto acordando inchado e sorrindo com pequenos olhos negros e bocejos em lábios bem desenhados era remontar anseios prévios e saber que o meu tornara-se possível. Minhas cicatrizes são invisíveis e criadas em um fino traço pálido nas noites.
O amor é por vezes um tipo insolúvel de problema, seja por não conseguir diluir, seja por não querer. Se há alguma coisa inerente ao querer amor, é querer profundidades até então intocadas. Não, não acredito nas narrativas de amor sem essa coleção de tragédias que é a vida. Não acredito em amores cristalinos e cristalizados. Amor é sangue que escorre sem se ver. É ferida que dói e se sente. É descontentamento descontente. É redundante. São feridas assim que consigo aliviar quanto te observo enquanto você sente-se incomodado com isso. Nós seus, nós meus, nós nossos.
Amar não é a cura. Meu corpo continua sendo templo da minha desordem com as tatuagens das tuas mãos no meu peito, com o teu homem vetrusiano me seguindo às costas sorrateiramente desnorteando meu norte. Eu sabia que era só amar você pra começar a beber e engordar, pra querer mudar até a quantidade dos meus batimentos cardíacos. Mudei até religião; virei infiel e não confesso mais meus pecados porque, mais do que nunca, acho que o inferno pode ser um bom lugar. Afinal, quando você desabotoa meu vestido, só posso concluir que, em vida, estou perdidamente salva.