domingo, 5 de abril de 2009

Anotações para Maio

Você me invade. E eu te rasgo. Distorcemos os paradigmas e não ligo se você vai embora logo. Sei que estará dentro de mim em algum momento, por alguns momentos. Espero que não cause feridas. Vou sangrar, eu sei. Sei também que só verei o sangue tempos depois na brancura das horas. Eu não me importo em jorrar. Eu me importo em não sentir. O nada me importa.

Suas promessas falsas me dão alívio, me fazem respirar. Uma mentira disfarçada de verdade é algo tão belo se dita por você. Você faz isso com primazia: Escolhe vocábulos, sintagmas, almas e ouvidos. Desta vez, por um acaso de quem está no lugar errado e na hora certa, você me escolheu. Na verdade, você se acomodou anatomicamente em mim, pois eu te apontei havia muito. Tua voz é melódica e tenho vontade de perguntar qualquer coisa sobre teu passado, que não me interessa, somente por te ouvir mentir mais alguns segundos. E todos os outros que continuem calados.

Eu construo tua imagem descabida parte a parte. À parte de mim está tua espera. Você diz e desdiz sua volta. O carnaval está próximo e eu quero dormir e sentir teu perfume, somente. Sem confetes, só o colorido de nossos corpos e íris. Meu querer-te é imensurável, mas você bem sabe que eu sei que você não vai ficar. Contudo, os quilômetros deixaram para trás, em mim, os amores e suas representações musico-cinematográficas. As semanas transcendem com suas mentiras mazeladas que amo tanto e, abrupto e aos poucos, você se vai.

Mal-me-quer. Te quis. Te disse. Te dei minha verdade. Confesso que sou uma tola, mas você esculpiu com tamanha primazia este querer que me conformo em te dar adeus. Você sempre foi errante. Você libertou meu espírito errôneo. Talvez um dia eu e você nos enxergaremos. Talvez, algum dia, nós...

2 comentários:

Jéssi disse...

"O nada me importa."

Ai ai, mocinha... Como eu disse antes no msn, seus textos são de uma leveza inexplicável, quer dizer, pelo menos esse e o último. E ao mesmo tempo é tudo tão denso, ou melhor, tão intenso... é quase um paradoxo, hehe. Enfim, sem mais pseudofilosofar, rs, lindo texto. AMEI. [rolou até uma identificaçãozinha básica, hahaha]

oconselheiro disse...

Infelizmente acreditamos na mentira. Precisamos acreditar, caso contrário nos jogaríamos na frente do primeiro carro. Porém sendo finda a dor qual é a graça? Mas acredito que a verdadeira verdade é sim a arrebatadora. Quando a alcançamos se a alcançarmos descobrimos que todo o resto que pareceu tão vivo e inesquecível eram apenas palavras que borracha apaga.