sexta-feira, 10 de abril de 2009

Classes gramaticais

A vida é feita de substantivos. Palavras que tentam expressar, denominar sentimentos inexprimíveis, inomináveis. Palavras que tentam calar vozes que jazem mudas, que transpondem desejos. Ainda assim lá estão eles, os substantivos, como guardiões. verdade é que não há definição possível e exata para sentimentos intrínsecos como amor, dor, alegria, solidão... Qualquer um que tente utilizar, torna tudo prolixo e indubitavelmente vago, vazio.
Os adjetivos são uma tentativa desesperada de explicação, entendimento. Os seres preciam se fazer entender, mas também somos análogos, ambíguos. Entretanto, tal necessidade de explicar o inexplicável nos é latente.
Pergunto-me agora sobre os verbos. Em meio a tantos transitivos e intransitivos, só um se sobrepõe, só um se faz necessário, só um é sublime... Aquele que é o mais intransitivo de todos: Amar.


Aproveitando a semana de Páscoa e reorganizando desorganizadamente umas gavetas, encontrei, ou melhor, reencontrei uma parte de mim. Portanto, decidi iniciar uma série (?) de, digamos, ressureições ou seria isto um revival? Não sei. Bem, este está datado de 10 de Julho de 2007. Quase dois anos... Dois anos bem intensos desde então. É, como a gente muda. Que bom não ser a mesma.

domingo, 5 de abril de 2009

Anotações para Maio

Você me invade. E eu te rasgo. Distorcemos os paradigmas e não ligo se você vai embora logo. Sei que estará dentro de mim em algum momento, por alguns momentos. Espero que não cause feridas. Vou sangrar, eu sei. Sei também que só verei o sangue tempos depois na brancura das horas. Eu não me importo em jorrar. Eu me importo em não sentir. O nada me importa.

Suas promessas falsas me dão alívio, me fazem respirar. Uma mentira disfarçada de verdade é algo tão belo se dita por você. Você faz isso com primazia: Escolhe vocábulos, sintagmas, almas e ouvidos. Desta vez, por um acaso de quem está no lugar errado e na hora certa, você me escolheu. Na verdade, você se acomodou anatomicamente em mim, pois eu te apontei havia muito. Tua voz é melódica e tenho vontade de perguntar qualquer coisa sobre teu passado, que não me interessa, somente por te ouvir mentir mais alguns segundos. E todos os outros que continuem calados.

Eu construo tua imagem descabida parte a parte. À parte de mim está tua espera. Você diz e desdiz sua volta. O carnaval está próximo e eu quero dormir e sentir teu perfume, somente. Sem confetes, só o colorido de nossos corpos e íris. Meu querer-te é imensurável, mas você bem sabe que eu sei que você não vai ficar. Contudo, os quilômetros deixaram para trás, em mim, os amores e suas representações musico-cinematográficas. As semanas transcendem com suas mentiras mazeladas que amo tanto e, abrupto e aos poucos, você se vai.

Mal-me-quer. Te quis. Te disse. Te dei minha verdade. Confesso que sou uma tola, mas você esculpiu com tamanha primazia este querer que me conformo em te dar adeus. Você sempre foi errante. Você libertou meu espírito errôneo. Talvez um dia eu e você nos enxergaremos. Talvez, algum dia, nós...